sexta-feira, 7 de março de 2014

Sobre Albert Einstein

Um amigo meu postou, no Face Book, uma fotografia histórica de Charles Chaplin e Albert Einstein quando este visitou Hollywood em 1931 na ocasião da estreia do filme "Luzes da Cidade":
Houve vários comentários às duas personalidades. No que se segue, transcrevo uma troca de comentários sobre Einstein, entre mim (FF) e outra pessoa (XX). Depois, farei breves considerações que me parecem oportunas.
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XX Eu gostava um bocadinho do Chaplin (nunca gostei do Einstein!) ...

FF Apreciei que tivesse documentado com detalhe uma das faces de Chaplin, que eu conhecia através do livro de Irving Wallace et al. Permita-me uma pergunta: porquê nunca gostou de Einstein?

XX Nao o sinto "grande" Fernando Mss Fernandes, matematicamente falando. O pensamento dele e do mundo e' linear; portanto, a teoria da relatividade, embora valida em alguns casos, nao se aplica a todo o Universo. E claro, na historia do "desenvolvimento linear do conhecimento", ele e' um degrau sim mas, cheio de erros. E pior que tudo, ele "fixou-se" neles, erros, o que prova que o cerebro dele nao era assim tao capaz. O mundo precisa de mitos e, os idiotas servem bem essa necessidade, sem eles proprios, idiotas, terem culpa alguma. Pobrexito! Daqui a pouco estou eu a passar-lhe um atestado de impunidade. Que nao pode ser, pois ele nao foi impune.
 Alem disso era um medroso!

FF Lamento que não tenha documentado as suas afirmações sobre Einstein com o detalhe que aplicou no caso de Chaplin. Tal como estão, em minha opinião, são cientificamente insólitas, prestam um mau serviço a leigos que se interessem pelas contribuições de Einstein e, deontologicamente, deploráveis. Einstein não errou? Claro que sim, como qualquer cientista, mas admitiu os erros e, assim, contribuiu também para o progresso da ciência. Cita a linearidade matemática (um "palavrão", incompreensível para qualquer leigo!), mas, aparentemente, esquece a história da ciência.
 Onde estão os imensos erros da teoria da relatividade (restrita e generalizada)? Demonstre, por favor.
 Onde estão os erros da interpretação quântica do efeito fotoeléctrico (que lhe valeu o prémio Nobel)? Demonstre, por favor.
 Onde estão os erros da teoria dos calores específicos de sólidos? Demonstre, por favor.
 Foi a sua filosofia "pobrexita"? Demonstre, por favor.
 Foram as suas ações e declarações políticas medrosas? Demonstre, por favor.
 Finalmente, não explica por que razão não o considera impune. E, mais, adjectiva de idiotas os que satisfazem as suas necessidades de mitos com as idiotices de Einstein!

XX Quando me prestei a responder a uma pergunta sua Fernando Mss Fernandes, nao foi de todo para entrar em confronto consigo. Gosta do Eisntein? Optimo! Eu nao gosto! E nao tenho que lhe dar a si a ou a outra pessoa qualquer, as razaos dos meus gostos ou des-gostos. Quanto ao detalhe e' obvio que, pela natureza das duas profissoes - actor e cientista - e' muito mais "rapido" pronunciarmo-nos sobre o primeiro. Sobre o segundo, ha' anos de leituras e analises que nao podem ser espremidos num comentario de fb. E muito menos para satisfazer "naturezas retoricas". Para mim, o homem nao prestava e ponto final. Yo, Ho, Ho...

XX Fernando Mss Fernandes, aqui tem alguma informacao tirada da net. The man with the big ideas wasn't so good with the details. In Einstein's Mistakes: The Human Failings of Genius (W.W. Norton, $24.95, excerpted below), Hans Ohanian writes that Albert often let his intuition overrule flawed proofs and shaky math. Maybe you'll feel a little better about your own flubs. 
(See this earlier DISCOVER story for more detail on Einstein's biggest flubs: thinking black holes were impossible, believing the universe was static, and saying that "God does not play dice." Also see DISCOVER's recent special issue on Einstein.) 

Chronology of Einstein’s Mistakes

1905 Mistake in clock synchronization procedure on which Einstein based special relativity

1905 Failure to consider Michelson-Morley experiment

1905 Mistake in transverse mass of high-speed particles

1905 Multiple mistakes in the mathematics and physics used in calculation of viscosity of liquids, from which Einstein deduced size of molecules

1905 Mistakes in the relationship between thermal radiation and quanta of light

1905 Mistake in the first proof of E = mc2

1906 Mistakes in the second, third, and fourth proofs of E = mc2

1907 Mistake in the synchronization procedure for accelerated clocks

1907 Mistakes in the Principle of Equivalence of gravitation and acceleration

1911 Mistake in the first calculation of the bending of light

1913 Mistake in the first attempt at a theory of general relativity

1914 Mistake in the fifth proof of E = mc2

1915 Mistake in the Einstein-de Haas experiment

1915 Mistakes in several attempts at theories of general relativity

1916 Mistake in the interpretation of Mach’s principle

1917 Mistake in the introduction of the cosmological constant (the “biggest blunder”)

1919 Mistakes in two attempts to modify general relativity

1925 Mistakes and more mistakes in the attempts to formulate a unified theory

1927 Mistakes in discussions with Bohr on quantum uncertainties

1933 Mistakes in interpretation of quantum mechanics (Does God play dice?)

1934 Mistake in the sixth proof of E = mc2

1939 Mistake in the interpretation of the Schwarzschild singularity and gravitational collapse (the “black hole”)

1946 Mistake in the seventh proof of E = mc2

FF Muito obrigado pela "sua" cronologia "Einstein's mistakes" através da net... para minha ilustração! São, por certo, as resposta às questões que levantei!... Agradeço, também, saber que não está disposta a satisfazer "naturezas retóricas". Pois bem, fique-se com o seu dogmático, não-retórico e "demonstrativo" de que aprecia o debate: "Para mim, o homem nao prestava e ponto final. Yo, Ho, Ho...".

XX Okay, apologies accepted!  Bye bye now.

FF Apologies accepted! Imagine-se...
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O que penso sobre os pontos focados acima está claro no "debate". Lamento que XX nada tenha justificado com argumentos científicos. Os "erros" (?) que listou são há muito conhecidos, o próprio Einstein reconheceu-os. Sobre as discussões com Bohr acerca da interpretação da mecânica quântica, ainda há muitos aspectos em debate, não totalmente esclarecidos...
Mais um ponto: XX menciona a "linearidade matemática". É curioso, pois que, certamente por lapso, não se lembrou de que a mecânica quântica, por exemplo, na sua forma ortodoxa, ainda utilizada actualmente com impressionante sucesso, é matematicamente uma teoria absolutamente linear! Leia-se, por exemplo, Stephen Weinberg (físico americano, prémio Nobel em 1979, com Abdus Salam e Sheldon Glashow, pela unificação das forças fraca e electromagnética):

Quantum mechanics has had phenomenal successes in explaining the properties of particles and atoms and molecules, so we know that it is a very good approximation to the truth. The question then is whether there is some other logically possible theory whose predictions are very close but not quite the same as those of quantum mechanics [...]. It is striking that it has so far not been possible to find a logically consistent theory that is close to quantum mechanics, other than quantum mechanics itself [...]. In inventing an alternative to quantum mechanics I fastened on the one general feature of quantum mechanics that has always seemed somewhat more arbitrary than others, its linearity [...]. This theoretical failure to find a plausible alternative to quantum mechanics, even more than the precise experimental verification of linearity, suggests to me that quantum mechanics is the way it is because any small change in quantum mechanics would lead to logical absurdities. If this is true, quantum mechanics may be a permanent part of physics. Indeed, quantum mechanics may survive not merely as an approximation to a deeper truth, in the way that Newton’s theory of gravitation survives as an approximation to Einstein’s general theory of relativity, but as a precisely valid feature of the final theory”.
XX também não esclarece porque razão considera que Einstein "não foi impune" e que "era um medroso". 
Será pelas afirmações, não raras, de que ele foi o "pai da bomba atómica"? Não foi, esteve muito, muito longe disso
Será que não exerceu ações ou não fez declarações políticas sobre o nazismo, por exemplo? Exerceu e declarou, em momentos cruciais da 2ª guerra mundial e, depois, até falecer em 1955.
Será que foi, medrosamente, subserviente à política americana? Não foi, como o relatório do FBI, elaborado por Edgar Hoover, comprova claramente.

Teoria da Relatividade de Einstein em Ação
(publicado pela NASA, 6/3/2014)
se a imagem não for visível clicar no link abaixo